Mudo, em preto e branco, passado na década de trinta – e ainda assim podemos dizer que A ANTENA é um filme futurista. Se por um lado a obra é largamente influenciada pelo expressionismo alemão de Murnau e Fritz Lang e dos soviéticos Vartov e Ensestein, por outro ela também nos remete à linguagem dos graphic novels, devido principalmente ao modo de inserção do texto, que o tempo todo contracena com os personagens (em vez de aparecer em cartelas estanques, como nos filmes mudos originais). Explica o diretor, o argentino Esteban Sapir: “Os filmem mudos tendiam a explorar o potencial da imagem, o que gerou uma corrente artística concreta; isto, somado ao meu interesse pelo mundo fantástico dos comics, fez nascer A ANTENA, como uma reinterpretação daquele cinema onde o valor poético da imagem é imprescindível”.
A história também retoma uma questão antiga dentro do cinema, mas cada vez mais relevante: o poder da comunicação. Uma metrópole passa por um inverno rigoroso, e a população encontra-se muda e passiva. Um homem de nome Mr. TV monopoliza todos os veículos de comunicação, através dos quais estimula o consumo irrestrito de uma série de produtos com o seu selo. Mas Mr. TV engendra um plano ainda mais sinistro para dominar eternamente todo o país, necessitando para isso seqüestrar uma linda e cativante jovem – a única pessoa que permanece com a capacidade de falar. Diz o diretor: “As pessoas hoje acreditam mais na televisão do que no que vivenciam, e isto faz com que percam o seu ponto de vista, a sua voz. Além disso, como fotógrafo, sempre me interessei pela expressão com imagens - e que melhor desculpa do que um filme mudo sobre a falta de comunicação?”.
Este é o segundo filme de Sapir, que vem de uma longa carreira como fotógrafo de publicidade e diretor de videoclipes. Para ele, A ANTENA foi acima de tudo uma oportunidade de se aproximar do espectador de modo mais experimental. “Com o filme, quis transmitir uma mensagem a partir de um lugar não-literal, mas onde a palavra tivesse grande importância, através de elementos da literatura fantástica. O filme foi pensado como uma espécie de livro, pelo tanto que o texto representa na história”.
A ANTENA (LA ANTENA)
De Esteban Sapir
(Argentina, 2007)
PREMIERE LATINA
Seg, 01/10 - Espaço de Cinema 2 - 14h45 (EC263)
Seg, 01/10 - Espaço de Cinema 2 - 21h30 (EC266)
Ter, 02/10 - Estação L. Alvim 1 - 16h15 (LA057)
Ter, 02/10 - Estação L. Alvim 1 - 20h15 (LA059)
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
A VEZ DOS SEM-VOZ
Postado por Hugo Naidin às 10:00
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