O Festival do Rio 2007 está acabando e o NOTÍCIAS DO FRONT também precisa se despedir. Tentamos oferecer aqui, pela primeira vez em nove anos de Festival, informações sobre aquelas preciosidades que talvez passassem despercebidas entre os quase 400 filmes exibidos nos últimos 15 dias em todo o Rio de Janeiro.
A atualização do Blog, feita várias vezes por dia, ficou sob a supervisão direta da equipe da Coordenação Internacional do Festival, cujo trabalho na verdade engloba diversas atividades e começa muitos meses antes do evento, na época de seleção dos filmes, envolvendo a negociação com as distribuidoras, passando pelo cronograma de exibições e de visita dos diretores, até chegar à fase atual de envio das cópias para os próximos festivais mundo afora.
Esperamos que esta iniciativa tenha exposto melhor toda a diversidade de visões sobre o cinema, que é a principal marca do Festival do Rio, sua unidade ao longo dos anos. E quem sabe também tenhamos conseguido esboçar uma estratégia de divulgação que leve o público das próximas edições a querer conhecer diretores estreantes, países de poucas produções, formatos inovadores ou temas esquecidos.
A Coordenação Internacional agradece os cerca de mil visitantes que prestigiaram o NOTÍCIAS DO FRONT e os presenteia com uma nova seleção de filmes para a Repescagem, que começa amanhã e vai até 5ª-feira, dia 11.
Boa pesca!
NA ESTRADA COM O AMANTE DA MINHA MULHER (DRIVING WITH MY WIFE’S LOVER)
De Kim Tai-sik
(Coréia do Sul, 2006)
Sex, 05/10 – Odeon – 17h45
"As surpresas (entre os filmes coreanos) ficam por conta dos debutantes Kim Tai-sik, que realizou Na estrada com o amante da minha mulher, um filme que toca em questões fundamentais como a solidão e a busca pelo amor...". Ver detalhes aqui.
FLORESTA DOS LAMENTOS (THE MOURNING FOREST)
De Naomi Kawase
(Japão, 2007)
Sex, 05/10 – Odeon – 21h30
"O filme ganhou o Grande Prêmio em Cannes este ano e ainda não foi lançado comercialmente, portanto conseguir uma cópia para trazer ao Festival foi um trabalho árduo que durou alguns meses. (...) Não existem dúvidas de que o cinema de Naomi seja um dos mais importantes da contemporaneidade". Ver detalhes aqui.
UMA VELHA AMANTE (UNE VIEILLE MAITRESSE)
De Catherine Breillat
(França, 2007)
Sáb, 06/10 – Odeon – 17h30
Baseado no romance homônimo de Barbey d’Aurevilly. Na mundana Paris do século XIX, só se fala no casamento do jovem libertino Ryno de Marigny com a bela e pura Hermangarde, uma flor da aristocracia. Os noivos se amam, porém as más línguas insinuam que Ryno não vai conseguir romper um antigo romance.
O OUTRO (EL OTRO)
De Ariel Rotter
(Argentina, 2007)
Sáb, 06/10 – Odeon – 19h45
Numa corriqueira viagem de negócios, Juan Desouza descobre que o homem sentado ao seu lado no ônibus está morto. Quase como uma brincadeira, decide não voltar para casa por alguns dias. Juan inventa uma nova identidade, escolhe outra profissão e explora a possibilidade de ser muitos outros. Grande Prêmio do Júri e Urso de Prata de Melhor Ator no Festival de Berlim 2007.
O CASAMENTO DE TUYA (TUYA’S MARRIAGE)
De Wang Quan’na
(China, 2006)
Seg, 08/10 – Odeon – 17h30
Tuya vive de pastorar ovelhas nas planícies da Mongólia para sustentar seu marido doente e os dois filhos. O governo chinês encoraja a população nômade a se instalar nas cidades próximas, e o marido de Tuya insiste que ela vá, a contragosto. Porém, quando se machuca, Tuya passa a considerar um casamento com um homem que possa tomar conta de sua família. Vencedor do Urso de Ouro de Melhor Filme em Berlim 2007.
MORRER EM HEBREO (MORIRSE ESTÁ EM HEBREO)
De Alejandro Springall
(México, 2006)
Seg, 08/10 – Odeon – 19h30
O avô Moishe, patriarca de uma família judia mexicana, morre subitamente. Começam então os sete dias do Shivah, ritual de recolhimento forçado dos familiares mais próximos. Conforme a tradição, ao longo da vida de um judeu dois anjos o acompanham: o da luz e o das trevas. No Shivah, determina-se qual dos dois permanecerá com o defunto.
O CAMINHO DE SAN DIEGO (EL CAMINO DE SAN DIEGO)
De Carlos Sorin
(Argentina, 2006)
Seg, 08/10 – Odeon – 21h30
Desempregado, o jovem Tati arranja dinheiro coletando ramos para um escultor. Um dia, encontra uma raiz de timbó que se parece com seu grande ídolo, Diego Maradona. Tati decide então entregar o achado ao ex-jogador, que se encontra hospitalizado em Buenos Aires. Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de San Sebastián 2006.
A CADA UM SEU CINEMA (CHACUN SON CINEMA)
De Vários
(França, 2007)
Qui, 11/10 – Odeon – 21h30
"O Festival do Rio acredita num cinema plural, em que cinematografias vindas de latitudes diversas oferecem pontos de vista diferentes sobre o mundo. ‘Chacun son Cinéma’ nasce a partir de um desejo semelhante..." – Walter Salles. Ver detalhes aqui.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
HOMENS E MULHERES: AO MAR!
Postado por Hugo Naidin às 09:32 2 comentários
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
SONHO ROMENO
O diretor de CALIFORNIA DREAMIN’, o romeno Cristian Nemescu, de apenas 28 anos, faleceu ano passado vítima de um acidente de carro, deixando inacabado este que seria seu primeiro longa-metragem. Seu filme anterior, Marilena From P7, foi selecionado para a Semana da Crítica no Festival de Cannes em 2006 e ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival de Milão.
Graças também a este histórico, mas principalmente à ambição surpreendente e desestabilizadora de CALIFORNIA DREAMIN’ – e apesar do falecimento precoce do diretor – o filme saiu de Cannes em 2007 com o Prêmio Un Certain Regard, uma mostra que, ironicamente, costuma apontar talentos futuros.
CALIFORNIA DREAMIN se passa em 1999, durante a Guerra de Kosovo. Um trem da OTAN atravessa a Romênia com o objetivo de instalar um radar na fronteira com a Sérvia. O transporte sai sem documentos oficiais, aparentemente por causa da pressa, contando apenas com a aprovação verbal do governo. Logo no início da viagem surge um problema: o trem quebra em uma pequena cidade e o chefe da estação – o gângster local – o impede de continuar. Obrigados a ficar, os americanos irão mudar a vida do vilarejo.
De Cristian Nemescu
(Romênia, 2007)
EXPECTATIVA
Qua, 03/10 - Espaço de Cinema 3 - 15h15 (EC387)
Qua, 03/10 - Espaço de Cinema 3 - 23h30 (EC391)
Qui, 04/10 - Est Barra Point 1 - 16h00 (BP154)
Qui, 04/10 - Est Barra Point 1 - 21h00 (BP156)
Postado por Hugo Naidin às 12:15 0 comentários
Encontros O Globo – Especial Festival do Rio
Aconteceu ontem à noite o terceiro e último Encontros O Globo – Especial Festival do Rio, no Auditório do Arte SESC, no Flamengo. O evento apresentou trechos da série televisiva INVISÍVEIS, sobre os maiores problemas que assolam o continente africano atualmente, como a violência sexual e a participação das crianças nas guerras. O filme, que mistura documentário e ficção, foi produzido pelo ator espanhol Javier Barden e realizado por vários diretores, com o apoio da ONG Médicos Sem Fronteiras.
Gravado em 2006, INVISÍVEIS traz cinco pequenas histórias contadas pelos diretores Wim Wenders, Mariano Barroso, Isabel Coixet, Javier Curcuera e Fernando León de Aranoa. Para realizá-las, cada um dos diretores visitou um projeto do MSF na República Centro-Africana, Bolívia, Colômbia, Uganda e República Democrática do Congo. Inicialmente, a série foi feita apenas para a televisão espanhola, mas seu conteúdo acabou despertando o interesse do Festival de Berlim, que a exibiu no ano passado. Desde então, INVISÍVEIS já foi visto por milhares de pessoas em todo o mundo.
Após o filme, seguiu-se um debate sobre o trabalho de médicos em locais de extrema precariedade e a visibilidade que a mídia oferece (ou deixa de oferecer) à questão humanitária. O debate, mediado pelo jornalista de O Globo, Arnaldo Bloch, teve a participação de três integrantes do MSF – um especialista em medicina ambiental, uma psicóloga e a diretora-executiva do Médicos Sem Fronteiras no Brasil, Simone Rocha – e do convidado especial, cineasta Cacá Diegues.
"Essa série (INVISÍVEIS) pode ser comparada ao chamado cinema de periferia que se faz hoje em qualquer lugar do Brasil - até do ponto de vista técnico, porque o cenário é parecido, afinal também somos um país africano. Mas o termo ‘periferia’ é incorreto, porque implica uma espécie de guetificação, e o que este cinema faz é justamente o contrário: ele leva informação de dentro para fora, expande, aproxima. Tenho muito orgulho de ser um cineasta do século XXI, porque acredito que esta seja uma época de transformação não apenas do próprio cinema, mas do mundo através do cinema!” – concluiu Cacá Diegues.
Postado por Hugo Naidin às 10:59 0 comentários
terça-feira, 2 de outubro de 2007
(DES)CONSTRUINDO MADONNA
A Material Girl talvez esteja muito ocupada se tornando uma diretora de cinema para aceitar o convite de vir ao Festival do Rio (segundo a imprensa do Reino Unido, ela já começou a rodar a comédia de baixo orçamento Filth & Wisdom, e em seguida irá dirigir um filme sobre boxe), mas ao menos em espírito Madonna estará presente, através do filme LIKE A VIRGIN.
Esta produção sul-coreana – onde um jovem travesti obcecado por Madonna luta (literalmente!) para conquistar um prêmio em dinheiro que irá pagar por sua operação de mudança de sexo – foi um dos filmes que mais agradaram ao público no último Festival de Berlim, com a platéia aplaudindo a revelação final da transformação sexual do adolescente. Vale o ingresso apenas para ver sua performance, pós-operação, do sucesso Like a Virgin...
O tom perfeitamente misturado de angústia e admiração do jovem ator Doek-Hwan Ryu impressionou tanto os juizes do South Korean Grand Bell Awards (o Oscar sul-coreano), que eles o premiaram como Melhor Ator Revelação.
Aparentemente, os diretores enviaram uma cópia do filme diretamente para Madonna, mas ela ainda está para tornar públicos os seus sentimentos em relação a este tributo cinematográfico, que faz amanhã sua última exibição no Festival!
LIKE A VIRGIN (CHEONHAJANGSA MADONNA)
De Lee Hae-Young, Lee Hae-Jun
(Coréia do Sul, 2006)
MIDNIGHT
Qua, 03/010 - Est Barra Point 2 - 14h30 (BP249)
Postado por Hugo Naidin às 11:21 0 comentários
MORTE, O FILME
ENTRE OS MORTOS trata de um tema infelizmente tão comum às grandes cidades: a banalidade da morte – em particular, a situação em El Salvador, um dos países mais violentos da América Latina. Ao longo de dez anos de guerra civil, os salvadorenhos tiveram de se acostumar à rotina de tortura e desaparecimentos, e a atitude da população perante a morte parece ser de total indiferença – como se nota pela multiplicação dos serviços funerários como negócios lucrativos. A morte não é mais que um fato cultural, tida ora como solução para problemas financeiros, ora como motivo de reunião familiar, como no Dia dos Santos Defuntos.
Mas o ensejo inicial para o filme se deu de maneira até prosaica: o diretor Jorge Dalton estava necessitando de um carpinteiro, e lhe indicaram um senhor que trabalhava no cemitério da cidade. Quando chegou ao local, porém, Dalton se deparou com toda uma comunidade que desde 1950 vivia do campesinato. “Para ir ao banheiro era preciso passar sobre uma tumba. De fato, as casas de todos os indivíduos foram construídas em cima das tumbas; as crianças jogavam futebol e festejavam aniversários tendo a morte a poucos passos” – lembra o diretor. Dalton passou então a visitar seguidamente o local, até tomar conhecimento de outros temas ligados à morte em todo El Salvador. “Nunca foi minha intenção fazer um filme sobre a morte, e o cemitério é apenas um capítulo da história” – antecipa o diretor.
ENTRE OS MORTOS (ENTRE LOS MUERTOS)
De Jorge Dalton
(El Salvador, 2006)
DOC LATINO
Ter, 02/10 - C.C. Justiça Federal - 20h30
Qui, 04/10 - Espaço de Cinema 1 - 12h15 (EC186)
Qui, 04/10 - Espaço de Cinema 2 - 17h00 (EC282)
Postado por Hugo Naidin às 09:44 0 comentários
O FUTURO DO CINEMA
Segundo longa de Deepak Kumaran Menon, que debutou com o impressionante THE GRAVEL ROAD, o filme DANCING BELLS é mais leve e despretensioso, pontuado pela delicadeza e graça que a nova geração de cineastas malaios tem mostrado nas produções dos últimos anos.
Entre os melhores filmes que figuram no topo da lista dos que mais gostei esse ano, dois foram feitos na Malásia. Para mim, isso é mais do que um prenúncio do surgimento de um novo cinema.
É um país no qual a falta de recursos é tão grande que só permite que sejam realizados filmes com baixíssimos orçamentos. No entanto, seus diretores e produtores não se intimidam com as precárias condições de filmagem, tampouco acreditam que isso mine suas idéias. Ao contrário, a dificuldade parece motivá-los a fazer um cinema poético e extremamente autoral.
Deveria servir de exemplo para o Brasil...
DANCING BELLS
De Deepak Kumaran Menon
(Malásia, 2007)
EXPECTATIVA
Ter, 02/10 - Estação L. Alvim 1 - 18h00 (LA058)
Ter, 02/10 - Estação L. Alvim 1 - 22h00 (LA060)
Qua, 03/10 - Espaço de Cinema 1 - 12h00 (EC179)
Qua, 03/10 - Espaço de Cinema 2 - 16h45 (EC276)
POR TATIANA LEITE
Postado por Hugo Naidin às 08:40 0 comentários
TEXTO VIP PARA O BLOG!
O Blog NOTÍCIAS DO FRONT tem a honra de publicar na íntegra a afetuosa carta que o diretor Walter Salles acaba de enviar ao Festival do Rio, por ocasião da exibição de CHACUN SON CINÉMA. Leia a seguir:
“ Boa noite,
Estamos no meio de uma filmagem em São Paulo e por isso não posso estar com os amigos do Festival e do Estação hoje.
O Festival do Rio acredita num cinema plural, em que cinematografias vindas de latitudes diversas oferecem pontos de vista diferentes sobre o mundo. ‘Chacun son Cinéma’ nasce a partir de um desejo semelhante, expresso pelo Presidente do Festival de Cannes, Gilles Jacob, ao reunir realizadores vindos de culturas diferentes para festejar os 60 anos do Festival num filme coletivo.
O convite era totalmente aberto e realizei, na verdade, uma co-autoria. Ele só foi possível graças a esses geniais improvisadores que são os repentistas Castanha e Caju, e ao diretor-assistente George Moura. É a eles que dedico essa primeira exibição no Brasil. Aproveito para enviar um forte abraço para todos aqueles que tornam esse festival cada vez mais importante possível.
Até já e boa projeção,
Walter Salles ”
Trata-se de um filme coletivo, composto por curtas-metragens de trinta e cinco dos principais cineastas na atualidade.
A obra reflete o espírito do Festival, na valorização da variedade de culturas, olhares e talentos, que em todos os anos são revelados em Cannes.
Inspirados pelo desafio do projeto, os cineastas tiveram como tema comum o maior ponto de encontro e um dos principais fetiches dos cinéfilos: a sala de cinema!
De
Theo Angelopoulos (Trois minutes) / Olivier Assayas (Recrudescence) / Bille August (The Last Dating Show) / Jane Campion (The Lady Bug) / Youssef Chahine (47 ans après) / Chen Kaige (Zhanxiou Village) / Michael Cimino (No Translation Needed) / Joel e Ethan Coen (World Cinema) / David Cronenberg (At the Suicide of the last Jew in the World, in the Last Cinema in the World) / Jean-Pierre e Luc Dardenne (Dans l´obscurité) / Manoel de Oliveira (Rencontre unique) / Raymond Depardon (Cinéma d´été) / Atom Egoyan (Artaud Double Bill) / Amos Gitai (Le Dibbouk de Haifa) / Hou Hsiao-hsien (The Electric Princess Picture House) / Alejandro González Iñarritu (Anna) / Aki Kaurismäki (Fonderie) / Abbas Kiarostami (Where is my Romeo?) / Takeshi Kitano (One Fine Day) / Andreï Konchalovsky (Dans le noir) / Claude Lelouch (Cinéma de boulevard) / Ken Loach (Happy Ending) / Nanni Moretti (Diario di uno spettattore) / Roman Polanski (Cinéma érotique) / Raoul Ruiz (Le Don) / Elia Suleiman (Irtebak) / Walter Salles (À
(França, 2007)
CANNES 60 ANOS
Ter, 02/10 - Est Barra Point 2 - 14h30 (BP245)
Ter, 02/10 - Est Barra Point 2 - 21h30 (BP248)
Qui, 04/10 - Espaço de Cinema 1 - 14h30 (EC187)
Qui, 04/10 - Espaço de Cinema 1 - 19h00 (EC189)
Postado por Hugo Naidin às 08:10 0 comentários
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
ILUMINANDO A ESCURIDÃO
Já chegou ao Festival a americana Sloane Klevin, montadora e co-produtora de UM TÁXI PARA A ESCURIDÃO. Ela apresenta a sessão do filme nesta 3ª-feira à noite, e na 4ª estará presente ao CCJF para o debate
“Tirando as luvas: entre mortos e feridos, todos são suspeitos”.
UM TÁXI PARA A ESCURIDÃO – Melhor Documentário no Festival de Tribeca 2007 – faz parte do sólido conjunto de recentes produções que expõem o abuso do exército norte-americano nas incursões pelos países árabes pós-11 de setembro. O filme conta a história de um taxista afegão preso por militares locais que apareceu morto na Base Aérea Americana de Bagram. Meses de investigação levaram uma jornalista do New York Times até a remota casa do taxista. Lá, ela encontrou o atestado de óbito, em inglês, entregue pelo FBI à sua família, que só fala pashtu. Causa da morte: homicídio.
Entre o material que tinha para montar o filme, Sloane Klevin usou imagens gravadas pelos filhos de Saddam Hussein das execuções na prisão de Abu Ghraib (a documentação era parte integral da execução). Como co-produtora do filme, Sloane encontrou uma lei nos EUA que permitia a utilização gratuita de material da TV em documentários desde que fosse comprovado o interesse público. Com esse argumento, UM TAXI PARA A ESCURIDÃO pôde exibir imagens do presidente americano Bush e seu vice, Dick Cheney, e até do seriado 24 Horas. O nome do filme vem de uma passagem de Cheney no pós 9/11, quando disse que agora os EUA iriam partir para o “lado escuro” – ou seja, a legitimação da tortura como forma de interrogação.
Sloane Klevin trabalhou com o diretor Alex Gibney na premiada série televisiva Martin Scorsese Presents The Blues. Como montadora, ela vem de uma carreira que inclui filmes – Real Women Have Curves, Harriet the Spy e Heights, este último dirigido por Merchant Ivory e protagonizado por Glen Close – comerciais e videoclipes, como os da banda U2. Atualmente, Sloane é professora de montagem da Pós-graduação de Columbia University.
UM TÁXI PARA A ESCURIDÃO (TAXI TO THE DARK SIDE)
De Alex Gibney
(EUA, 2007)
FRONTEIRAS
Ter, 02/10 - Estação Botafogo 3 - 12h30 (EB367)
Ter, 02/10 - Estação Botafogo 3 - 19h15 (EB370) ! COM PRESENÇA DA MONTADORA !
Qua, 03/10 - C.C. Justiça Federal - 18h30 ! SEGUIDO DE DEBATE !
POR VIK BIRKBECK
Postado por Hugo Naidin às 16:08 0 comentários
QUEM É JIA ZHANG
No filme JIA ZHANG VAI PARA CASA, o diretor francês Damien Ounouri acompanhou a volta do diretor chinês Jia Zhang Ke para a sua casa em Pequim após o Festival de Veneza no qual levou o Leão de Ouro de Melhor Filme por
Um dos maiores talentos do cinema contemporâneo, Jia Zhang lembra histórias de sua infância, conta detalhes de suas experiências cinematográficas, mostrando as locações dos primeiros filmes – os premiados Xiao Wu-Pickpot e Platform –, e fala dos intentos e inspirações ao realizar UNKNOWN PLEASURES e O MUNDO. Acima de tudo,
Se antes do documentário eu já adorava Jia Zhang, depois de assisti-lo passei a adorá-lo ainda mais: uma figura doce e extremamente inteligente, que pensa o mundo através do cinema. Imperdível!
JIA ZHANG VAI PARA CASA (XIAO JIA GOING HOME)
De Damien Ounouri
(França, 2007)
AGNES B.
Seg, 01/10 - Cine Glória (Memorial GV) - 15h30
Seg, 01/10 - Cine Glória (Memorial GV) - 19h00
Ter, 02/10 - Estação Botafogo 3 - 17h00 (EB369)
Ter, 02/10 - Estação Botafogo 3 - 23h45 (EB372)
POR TATIANA LEITE
Postado por Hugo Naidin às 13:12 0 comentários
A VEZ DOS SEM-VOZ
Mudo, em preto e branco, passado na década de trinta – e ainda assim podemos dizer que A ANTENA é um filme futurista. Se por um lado a obra é largamente influenciada pelo expressionismo alemão de Murnau e Fritz Lang e dos soviéticos Vartov e Ensestein, por outro ela também nos remete à linguagem dos graphic novels, devido principalmente ao modo de inserção do texto, que o tempo todo contracena com os personagens (em vez de aparecer em cartelas estanques, como nos filmes mudos originais). Explica o diretor, o argentino Esteban Sapir: “Os filmem mudos tendiam a explorar o potencial da imagem, o que gerou uma corrente artística concreta; isto, somado ao meu interesse pelo mundo fantástico dos comics, fez nascer A ANTENA, como uma reinterpretação daquele cinema onde o valor poético da imagem é imprescindível”.
A história também retoma uma questão antiga dentro do cinema, mas cada vez mais relevante: o poder da comunicação. Uma metrópole passa por um inverno rigoroso, e a população encontra-se muda e passiva. Um homem de nome Mr. TV monopoliza todos os veículos de comunicação, através dos quais estimula o consumo irrestrito de uma série de produtos com o seu selo. Mas Mr. TV engendra um plano ainda mais sinistro para dominar eternamente todo o país, necessitando para isso seqüestrar uma linda e cativante jovem – a única pessoa que permanece com a capacidade de falar. Diz o diretor: “As pessoas hoje acreditam mais na televisão do que no que vivenciam, e isto faz com que percam o seu ponto de vista, a sua voz. Além disso, como fotógrafo, sempre me interessei pela expressão com imagens - e que melhor desculpa do que um filme mudo sobre a falta de comunicação?”.
Este é o segundo filme de Sapir, que vem de uma longa carreira como fotógrafo de publicidade e diretor de videoclipes. Para ele, A ANTENA foi acima de tudo uma oportunidade de se aproximar do espectador de modo mais experimental. “Com o filme, quis transmitir uma mensagem a partir de um lugar não-literal, mas onde a palavra tivesse grande importância, através de elementos da literatura fantástica. O filme foi pensado como uma espécie de livro, pelo tanto que o texto representa na história”.
A ANTENA (LA ANTENA)
De Esteban Sapir
(Argentina, 2007)
PREMIERE LATINA
Seg, 01/10 - Espaço de Cinema 2 - 14h45 (EC263)
Seg, 01/10 - Espaço de Cinema 2 - 21h30 (EC266)
Ter, 02/10 - Estação L. Alvim 1 - 16h15 (LA057)
Ter, 02/10 - Estação L. Alvim 1 - 20h15 (LA059)
Postado por Hugo Naidin às 10:00 0 comentários
Sessão de Gala em FRONTEIRAS
EZRA, O MENINO SOLDADO será exibido nesta 2a-feira, às 19h15, no Estação Botafogo 3, com a presença do diretor, Newton Aduaka.
Veja mais detalhes aqui!
Postado por Hugo Naidin às 08:53 0 comentários
BRANCA DE NEVE REVISITADA
Amanhã, terça-feira, é a última chance de ver esta animação bizarra e surpreendente: SNOW WHITE THE SEQUEL. Sátira do clássico infantil A Branca de Neve, aqui a famosa frase final “E viveram felizes para sempre” é seriamente posta
"O meu principal objetivo é desconstruir a idéia de que tudo é belo, que todos se amam e realmente vivem num mundo onde é a alegria que impera, e para sempre. (...) Procuro abrir novas janelas para o público, arejar os seus pensamentos e deixar claro a todos que não há limites em nosso mundo, basta acreditarmos nisto" - disse o diretor belga Picha, presente ao Festival.
SNOW WHITE THE SEQUEL (Blanche-Neige, la suite)
De Picha
MIDNIGHT
(Bélgica / França / Polônia / RU, 2006)
Ter, 02/10 - Palácio 2 - 14 (PL245)
Ter, 02/10: Palácio 2 - 19 (PL247)
Postado por Hugo Naidin às 07:40 0 comentários
domingo, 30 de setembro de 2007
ÉPICO ARGENTINO
Hoje à noite tem a estréia de ARGENTINA LATENTE, terceira parte da tetralogia de Fernando Solanas (presente à sessão!) sobre aquele país, iniciada com Memoria del saqueo (2004), seguida por La dignidad de los nadies (2005), e que deve ser concluída com Los hombres que están solos y esperan, já em filmagem. Solanas está em plena campanha pela presidência da Argentina nas eleições de outubro e veio rapidamente ao Rio falar de seu filme, que guarda muitas similaridades com o Brasil.
O formato é de um road-movie pelo país, revelando sua dimensão e potencialidade, seus centros e rincões. Explica o diretor: "Apesar das crises periódicas, da falta de recursos e da fuga permanente de cérebros, a ciência nacional seguiu avançando graças ao compromisso e à criatividade de seus pesquisadores. É um épico de 150 anos de desenvolvimento tecnológico que retomou saberes e conseguiu aprofundá-los. A história de nossa indústria demonstra o que foi e o que ainda é possível. Este filme é dedicado aos jovens cientistas e trabalhadores dispostos a recuperar a Argentina latente".
ARGENTINA LATENTE
De Fernando Solanas
(Argentina, 2007)
DOC LATINOS
Dom, 30/09 - Espaço de Cinema 1 - 16h45 (EC161)
Dom, 30/09 - Espaço de Cinema 1 - 21h30 (EC163) ! COM A PRESENÇA DO DIRETOR !
Ter, 02/10 - Estação Ipanema 1 - 13h15 (IP156)
Ter, 02/10 - Estação Ipanema 1 - 17h45 (IP158)
Postado por Hugo Naidin às 11:53 4 comentários
O DEBATE DE HOJE
"Que tu tenhas teu corpo: tráfico humano e escravidão sexual"
Com a exibição do filme MULHERES SEM PIEDADE e a presença do diretor, Lukas Roegler, além dos convidados:
- Gabriela Leite, presidente da ONG Davida;
- Lucia Xavier, da ONG CRIOLA.
18h30, no CCJF.
Ver detalhes aqui.
Postado por Hugo Naidin às 10:31 0 comentários
ABRA O OLHO!
Hoje, às 20h, no Espaço de Cinema 3, o diretor iraniano Ali Reza Amini apresentará seu mais recente trabalho, FECHE... APENAS SEUS OLHOS. O filme expõe as angustias de alguns jovens iranianos que tentam suicídio coletivo. Ali Reza, que no ano passado apresentou TIME FROZE, realiza agora um delicado trabalho autoral.
Tendo iniciado sua carreira como assistente de direção de Bahman Ghobadi (Tempo de embebedar cavalos, Tartarugas podem voar), Ali Reza, de apenas 37 anos, dirigiu cinco longas metragens e já tem um novo projeto para 2008...
No fim da sessão, o diretor estará disponível para perguntas dos espectadores.
POR TATIANA LEITE
Postado por Hugo Naidin às 09:36 3 comentários
sábado, 29 de setembro de 2007
O ONIPRESENTE
Vi pela primeira vez Diego Luna nas telas numa sessão do Festival do Rio 2000, na sala 3 do Espaço, com o filme mexicano UN DULCE OLOR A LA MUERTE, de Gabriel Retes. Era o primeiro ano da Premiere Latina e Diego tinha apenas 20 anos.
Com o tempo, o Festival do Rio cresceu, o programa amadureceu e Diego também. Depois o vimos no Festival 2001 com o já clássico Y TU MAMÁ TAMBIÉN, onde contracenava com Gael García Bernal, e em CIUDADES OSCURAS, do Fernando Sariñana; em 2002, lá estava ele em FRIDA; no ano passado, em SÓ DEUS SABE, de Carlos Bolado em co-produção com o Brasil, e em O MUNDO MARAVILHOSO, de Luis Estrada.
Este ano, nos surpreendemos com a onipresença de Luna: atua em O BUFALO DA NOITE, filme com roteiro de Arriaga que estreou em Sundance, e em MISTER LONELY, de Harmony Korine, onde faz o papel de um sósia de Michael Jackson; é produtor executivo da estréia de seu sócio Gael García Bernal na direção, com DEFICIT, e em COCHOCHI, sucesso no recente Festival de Veneza; e estréia ele mesmo na direção com o documentário J.C.CHÁVEZ, sobre o campeão de boxe mexicano.
Diego acompanha de perto tanta versatilidade e chega hoje ao Rio direto para o final da sessão das 19h15 de BUFALO, no Espaço de Cinema 1. Na 2ª-feira, apresenta ao público o seu CHÁVEZ, às 19h15 no Espaço de Cinema 2.
É um grande privilégio termos dois dos maiores atores latinos dos últimos tempos presentes ao Festival do Rio. Ricardo Darín e Diego Luna têm uma linda trajetória, sempre acompanhada de perto pelo Festival e oferecida com carinho para vocês.
Buen provecho!
POR ANA LUIZA BERABA
Postado por Hugo Naidin às 14:15 0 comentários
SALVE STANLEY NELSON!
Stanley Nelson insiste em apresentar todas as sessões de sua retrospectiva e não perde uma oportunidade de responder às perguntas do público. E, ao acender as luzes no final da sessão, todos querem saber mais sobre esse desbravador do lado desconhecido da América, que se tornou documentarista para contar as histórias das pessoas até então invisíveis para a grande mídia. Diz uma lenda africana que, enquanto o leão não tiver griot, só ouviremos a história do caçador.
Hoje ainda temos a sessão de:
UM LUGAR SÓ NOSSO (A Place of Our Own)
Sáb, 29/09 - Caixa Cultural 2 - 19h15
Retrato de um balneário da Nova Inglaterra que guarda significado especial não apenas para o diretor, mas para muitos negros que também pertenceram à alta classe-média americana nas décadas de 50 e
MARCUS GARVEY: NO OLHO DO FURACÃO (Marcus Garvey: Look For Me In the Whirlwind)
Sáb, 29/09 - CCJF - 20h30
Visionário e manipulador, brilhante e enigmático, orador poderoso e autoritário. Entre os muitos aspectos da vida controversa de Marcus Garvey, um fato é certo: entre os anos de 1916 e 1922, ele comandou o maior movimento negro de massa do mundo, chamado Associação pelo Desenvolvimento Negro Universal. Nascido na Jamaica, Garvey emigrou para Nova York em 1914, levando consigo uma mensagem de poder popular. Após rodar os EUA, sua organização lançou o jornal “A palavra negra”, que conquistou leitores em todo o mundo. O jornal denunciava o preconceito contra negros e pedia doações para um projeto de retorno à África, com o ideal de construção de uma nação independente. Garvey conseguiu reunir milhares de homens e mulheres norte-americanos com um sentimento até então inédito de orgulho racial, apontando os antigos líderes negros como fracos ou subservientes. Por outro lado, ele também foi acusado de má administração fiscal e mostrou-se disposto a colaborar com a Ku Klux Klan – fatos que nos levam a entender o ostracismo do final de sua vida.
É a última chance de ouvir o diretor, que vai embora no domingo!
POR VIK BIRKBECK
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AS BELEZAS DA CIDADE
Vik BirkBeck, curadora da Mostra Stanley Nelson, ao lado do homenageado, almoçando na Praia Vermelha.
Passista da Escola de Samba Grande Rio, em apresentação na Tenda de Copacaba, neste sábado.
Foto tirada por Rosangela, filha de Vik.
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Mais uma dica dos nossos amigos da MOSTRA GERAÇÃO
Uma das grandes surpresas da Mostra Geração em 2007 é, sem sombra de dúvidas, o filme francês UN BEAU MATIN... (UM BELO DIA...)
Dirigido pelo casal Charlotte e David Lowe, o filme retrata de forma bastante lúdica um dia na vida de duas crianças. Os jovens pequeninos embarcam em uma aventura embalada pelas músicas do compositor russo Sergei Prokofiev (1891 – 1953). São clássicos como “Pedro e o Lobo” e “Romeu e Julieta” que dão o tom de fantasia em uma narrativa que é recheada de cores e sonhos.
A diretora Charlotte estudou atuação no Actor’s Studio e agora produz e dirige filmes com o marido David, um britânico que, alem de diretor, também acumula as tarefas de fotógrafo, doutor em física nuclear, ator, repórter de TV, ilustrador, compositor e realizador de cinema. E podemos dizer que a linda de produção foi mesmo feita em família, já que as crianças do filme são os filhos do casal.
Então, prepare-se: se você ainda não tem programa para domingo, vale a pena conferir a última sessão de UN BEAU MATIN... Os diretores estarão no Rio especialmente para apresentar o filme e conversar com o público. Levem as crianças, os amigos, os adultos, os avós... Trata-se de um filme para todas as idades e vontades. E o mais legal é que os pequeninos podem assistir sem problemas já que esse filme conta com o divertido recurso das dublagens ao vivo da Mostra Geração.
A sessão será domingo agora, dia 30 de setembro, às 16h30, na Caixa Cultural.
POR LAURA CALDAS
Mostra Geração
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Clandestinidade e escravidão na Europa
As mostras Fronteiras e Dox trazem três filmes especialmente impactantes, com temas similares, tão relevantes quanto indigestos. São filmes para refletir sobre a democracia européia e sua atual política de controle da imigração. Estamos falando de BEM-VINDO À EUROPA, do francês Bruno Ulmer, exibido no Festival de Sundance deste ano; NÃO SE PODE EMBRULHAR BRASA COM PAPEL, cujo diretor cambojano Rithy Panh, aos 11 anos de idade, foi colocado num campo de trabalhos forçados, de onde conseguiu escapar; e MULHERES SEM PIEDADE, do alemão Lukas Roegler - que faz sua estréia mundial aqui, com a presença do diretor e debate no CCJF.
MULHERES SEM PIEDADE (acima) tem suas últimas exibições neste fim de semana. O documentário trata de nigerianas marginalizadas cujo sonho de um futuro melhor desmorona-se rapidamente no pesadelo da prostituição pelas ruas européias. Recrutadas em sua maioria de um pequeno povoado da periferia de Benin, essas meninas, ainda antes de se tornarem escravas sexuais, passam por um ritual oculto de nome “juju”, que vai contra a religiosidade africana. Ao chegarem à Europa, as nigerianas descobrem que terão de arcar com passagem se quiserem retornar à Nigéria, o que as deixa eternamente dependentes das traficantes, chamadas “Madams”. As cafetinas fazem deste comércio escravo o único crime organizado em escala global exclusivamente controlado por mulheres. O diretor Lukas Roegler, formado em ciência política, trabalha como jornalista investigativo, e este é o seu primeiro filme. É também a primeira vez que as câmeras registram esta nova e brutal relação entre as cidades de Benin e, principalmente, Turin (Itália), onde as nigerianas representam atualmente quase 60% das prostituas locais.
BEM-VINDO À EUROPA (à direita) nos apresenta a oito jovens de origens curda, marroquina e romena que vão tentar construir uma vida clandestina em cidades como Paris, Amsterdã e Madri. São homens que tiveram de deixar seus países por desavenças políticas ou atraídos pela possibilidade de, à distância, sustentar suas famílias. Porém, uma vez que desembarcam na Europa, os imigrantes se surpreendem ainda no submundo – morando em carros, dormindo em caixas e fugindo da polícia para muitas vezes cair no abismo das drogas e da prostituição. O diretor Bruno Ulmer optou pelo superclose e fotografia luminosa, o que fez o foco nos entrevistados preponderar sobre o mundo à sua volta. “A imigração clandestina é um desafio primeiro porque há que se filmar em esconderijos sem luz. Além disso, era preciso registrar bem as vozes, mas a prostituição é um tema difícil de os homens falarem. Para conseguir testemunhos sinceros e sem ruídos, mantive conversas cara a cara em ambientes sem adornos onde suas vozes fossem o único destaque” – conta o diretor.
As meninas cambojanas de NÃO SE PODE EMBRULHAR BRASA COM PAPEL (à esquerda) são seduzidas ainda virgens e pouco mais que crianças, embarcando no caminho sem volta da exploração sexual. As expressões de dor e sofrimento estampadas em seus rostos falam mais alto do que as histórias que contam no filme. O diretor Rithy Panh consegue compartilhar da intimidade das entrevistadas com comovente delicadeza; para ele, a prostituição é uma “morte espiritual”. De fato, a história do próprio Rithy Panh daria um filme tão impressionante quanto este que realizou. Após dois anos num campo de trabalhos forçado do Camboja, Rithy conseguiu fugir para a França, onde se formou em cinema pelo IDHEC. Sua primeira obra de ficção, Neak Srê, de 1994, foi apresentada na Competição Oficial de Cannes.
MULHERES SEM PIEDADE (SISTERS OF NO MERCY)
De Lukas Roegler
(Alemanha, 2006)
FRONTEIRAS
Sáb, 29/09 - Estação Botafogo 3 - 19h15 (EB352)
Dom, 30/09 - C.C. Justiça Federal - 18h30 *
* A sessão será seguida pelo debate
Que tu tenhas teu corpo: tráfico humano e escravidão sexual
Com a presença do diretor do filme e dos convidados:
- Gabriela Leite, presidente da ONG Davida;
- Lucia Xavier, da ONG CRIOLA.
PAPEL NÃO EMBRULHA BRASAS (LE PAPIER NE PEUT PAS ENVELOPPER LA BRAISE)
De Rithy Panh
(França, 2006)
DOX
Qua, 03/10 - Estação Ipanema 1 - 15h30 (IP162)
Qua, 03/10 - Estação Ipanema 1 - 19h45 (IP164)
Qui, 04/10 - Estação Botafogo 3 - 14h45 (EB380)
Qui, 04/10 - Estação Botafogo 3 - 21h30 (EB383)
BEM-VINDO À EUROPA (WELCOME EUROPA)
De Bruno Ulmer
(França, 2006)
FRONTEIRAS
Qua, 03/10 - Estação L. Alvim 1 - 14h00 (LA061)
Qua, 03/10 - Estação L. Alvim 1 - 20h00 (LA064)
Qui, 04/10 - Estação Botafogo 3 - 12h30 (EB379)
Qui, 04/10 - Estação Botafogo 3 - 19h30 (EB382)
POR VIK BIRKBECK
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sexta-feira, 28 de setembro de 2007
ATORES E/OU DIRETORES
O Festival do Rio não gera expectativas apenas no público. Diretores estreantes também vêem o evento como a grande oportunidade de se lançarem mundialmente. Mas quando o diretor, além de estreante, vem de uma premiada carreira como ator, a tensão fica redobrada. Neste sentido, o Festival 2007 está especialmente atraente, com os primeiros filmes dirigidos por nomes conhecidos como o argentino Ricardo Darín e o mexicano Gael García Bernal. E ambos ainda estão presentes como atores de outras produções, para a alegria dos fans – e trabalho da crítica.
Darín – Kamchatka, Nove Rainhas, O filho da noiva – está no Festival como ator de XXY (ver post) e de LA SEÑAL (acima), filme em que faz sua estréia na direção. A situação de Gael – Babel, Diários de Motocicleta, Má educação – é bem parecida: estrelando SONHANDO ACORDADO (Michel Gondry, 2006), aparece também em DÉFICIT (abaixo) como ator e diretor.
Conterrâneo de Gael – e seu companheiro no filme E sua mãe também (Alfonso Cuarón, 2001) – Diego Luna é um caso especialíssimo dentro do Festival do Rio. Ele estará presente à exibição de seu primeiro trabalho como diretor, o documentário J.C. CHÁVEZ (dia 01/10, às 19h15, no Espaço de Cinema 2. Aguarde mais detalhes aqui!), mas vem ao Rio também como ator de dois filmes – MISTER LONELY (Harmony Korine, 2006) e O BÚFALO DA NOITE (Jorge Hernandez Aldana, 2007) – e produtor de COCHOCHI (Laura Amelia Guzmán e Israel Cárdenas, 2006). Com apenas 27 anos, Diego Luna parece ter escolhido o Festival do Rio para despontar como grande realizador dentro novo cinema latino-americano.
Postado por Hugo Naidin às 13:02 0 comentários
OS ÓRFÃOS DA ÁFRICA
Filhos de pais vítimas da AIDS ou dos combates fratricidas e étnicos, milhares de crianças africanas têm de enfrentar o futuro sozinhas. Por isso, e principalmente desde a guerra de Rwanda, muitos cineastas têm se dedicado aos males do continente. Com o objetivo de retratar os órfãos que utilizam a sua cultura para superar a tristeza, as Mostras Fronteiras e Dox, trazem, respectivamente, um longa de ficção e um documentário.
EZRA, O MENINO SOLDADO
De Newton I. Aduaka
(França, 2007)
FRONTEIRAS
Seg, 01/10 - Estação Botafogo 3 - 12h30 (EB361)
Seg, 01/10 - Estação Botafogo 3 - 19h15 (EB364)
Ter, 02/10 - Est Barra Point 1 - 16h30 (BP146)
Ter, 02/10 - Est Barra Point 1 - 21h00 (BP148)
No terceiro longa-metragem do jovem cineasta nigeriano Newton Aduaka, o personagem título é um adolescente sierra-leonense que deve enfrentar os pesadelos do seu passado como menino soldado. Os comandantes das forças rebeldes costumavam drogar as crianças raptadas, para induzi-las a cometer as piores atrocidades. Aduaka retrata a mente fraturada do jovem ex-combatente através de flashbacks alucinantes enquanto ele busca a verdade diante de uma Comissão de Reconciliação. O filme foi o grande vencedor do último Fespaco – Festival Pan-africano de Ouagadougou – e selecionado para a Quinzena de Cannes.
ESTAMOS TODOS JUNTOS (WE ARE TOGETHER)
De Paul Taylor
(RU, 2006)
DOX
Sex, 28/09 - Cine Glória (Memorial GV) - 19h00
Seg, 01/10 - Estação Botafogo 3 - 14h45 (EB362)
Seg, 01/10 - Estação Botafogo 3 - 21h15 (EB365)
A menina Slindile, da África do Sul, apesar de ter perdido os pais e estar em vias de perder o primogênito da família devido ao flagelo da AIDS, anima seus irmãos menores com uma imbatível alegria e o seu canto cristalino. Com o apoio de músicos profissionais, o coral do orfanato que freqüenta consegue gravar um cd, atraindo a atenção de ONG’s internacionais.
POR VIK BIRKBECK
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quinta-feira, 27 de setembro de 2007
AFINAL: O QUE É CINEMA AO VIVO?
Veja o que falou o jornalista Leonardo Cruz, da Folha de São Paulo, que esteve ontem na estréia da Mostra Live Cinema do Festival do Rio:
"Cinema ao Vivo leva VJs, videoartistas e cineastas ao palco do Odeon. Com seus laptops, durante cerca de 20 minutos, eles improvisam ao vivo um remix de imagens e sons pré-gravados, criam uma obra experimental, não-linear, que na primeira sessão fez vibrar o chão da tradicional sala de cinema carioca. Esse tipo de proposta já vem sendo realizada há um tempinho no exterior e no Brasil, mas é rara em mostras cinematográficas".
Postado por Hugo Naidin às 13:57 0 comentários
STANLEY NELSON NO RIO
Já chegou ao Rio o documentarista americano Stanley Nelson! Ele estará presente às estréias de todos os filmes que compõem a Mostra em sua homenagem, na Caixa Cultural e no CCJF. Nas sessões de hoje - abertura da Mostra, que vai até o dia 04 - Stanley apresenta dois filmes.
A IMPRENSA NEGRA AMERICANA: UM COMBATE SEM TRÉGUAS
(The Black Press: Soldiers Without Swords)
Qui, 27/09 - Caixa Cultural 2 - 16h45
Ainda que ativos desde o século XIX, os jornais dedicados à comunidade negra são um dos segmentos menos conhecidos da imprensa norte-americana. Este é o primeiro relato sobre homens que arriscaram suas vidas para que os afro-americanos pudessem estar representados segundo suas próprias palavras e imagens. O documentário conta a história de jornais como o The Chicago Defender, que estimulava os negros do sul do país a migrarem para o norte, onde a convivência era mais amigável – como conseqüência, o jornal foi banido dos estados sulistas, mas continuou circulando graças aos condutores de trem, que transportavam exemplares clandestinamente. Outro caso apresentado é o The Pittsburgh Courier, que atraiu a atenção do FBI durante a II Guerra Mundial com uma campanha para que a batalha contra o Fascismo na Europa se estendesse à segregação dentro dos EUA. Nelson investiga como, ironicamente, estas publicações parecem ter sido vítimas de seu sucesso. Com a insurgência popular em nome dos Direitos Civis nos anos 60, a grande mídia também passou a cobrir a problemática racial, esvaziando o interesse pela imprensa negra.
O ASSASSINATO DE EMMETT TILL
(The Murder of Emmett Till)
Qui, 27/09 - Caixa Cultural 2 - 19h15
Agosto de 1955. Emmett Till era um garoto de 14 anos que foi visitar o tio no Mississipi. Lá, Emmett foi acusado de ter assobiado para uma mulher branca. Três dias depois, o marido da mulher e um amigo invadiram a casa dos tios de Emmett e o seqüestraram – sem que estivessem usando máscaras ou qualquer outro disfarce. Mais três dias, e o garoto foi encontrado morto com um tiro na cabeça e o corpo tão mutilado que só pôde ser identificado por um anel em seu dedo. Os assassinos chegaram a ser incriminados, mas um júri composto apenas por brancos os libertou. O episódio se transformaria no ponto nevrálgico de toda a luta moderna pelos direitos dos negros nos Estados Unidos, graças principalmente à atitude da mãe de Emmett, que insistiu para que o velório de seu filho fosse com o caixão aberto. “Os negros vinham sendo linchados há 100 anos, mas até aquele momento não se sabia realmente do se tratava. Cinqüenta mil pessoas viram o corpo do menino, e as fotos circularam por todo o mundo. Com o filme, pretendi mostrar como a luta pelos Direitos Humanos é feita por pequenos heróis como a mãe de Emmett” – conta o diretor.
VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA
O ASSASSINATO DE EMMETT TILL (EUA, 2003)
Dom, 30/09 - Caixa Cultural 2 - 14h15
Qui, 04/10 - C.C. Justiça Federal - 18h30
A IMPRENSA NEGRA AMERICANA: UM COMBATE SEM TRÉGUAS (EUA, 1998)
Sex, 28/09 - C.C. Justiça Federal - 18h30
Sáb, 29/09 - Caixa Cultural 2 - 14h15
JONESTOWN: VIDA E MORTE NO TEMPLO DO POVO (EUA, 2007)
Sexta - 28/09/2007 Caixa Cultural 2 19:15:00 hs
Domingo - 30/09/2007 Caixa Cultural 2 16:45:00 hs
Quinta - 04/10/2007 C.C. Justiça Federal 14:00:00 hs
MARCUS GARVEY: NO OLHO DO FURACÃO (EUA, 2001)
Sex, 28/09 - Caixa Cultural 2 - 16h45
Sáb, 29/09 - C.C. Justiça Federal - 20h30
Dom, 30/09 - Caixa Cultural 2 - 19h15
UM LUGAR SÓ NOSSO (EUA, 2004)
Sex, 28/09 - Caixa Cultural 2 - 14h15
Sáb, 29/09 - Caixa Cultural 2 - 19h15
Qui, 04/10 - C.C. Justiça Federal - 16h15
POR VIK BIRKBECK
Postado por Hugo Naidin às 12:22 0 comentários
Como está o SEU peixe hoje?
No dia 25 de janeiro deste ano, meu vôo Rio-Paris atrasou, perdi minha conexão Paris-Amsterdam e tive que esperar a próxima. Impaciente no CDG, reli todo o material que eu havia impresso sobre o Festival de Rotterdam e minha atenção se voltou para o filme curiosamente intitulado de HOW IS YOUR FISH TODAY?. Era o primeiro longa da chinesa Xiaolu Guo, que tinha, além desse filme em competição, um novo projeto em desenvolvimento.
Duas horas depois, consegui minha conexão e ao pisar no aeroporto de Amsterdam, fui correndo para a Estação de trens pegar um para Rotterdam. Finalmente cheguei à cidade. Estava exausta, fazia quase 24 horas que eu havia saído do Brasil e, pior, tinha quer ir diretamente para a sede do Festival porque ficaria hospedada com uma amiga holandesa que estava trabalhando no Receptivo de lá. Ao entrar no De Doelen, fui em busca da minha credencial e da minha amiga. Ela havia saído com o júri. Vontade de chorar. Deixei minha mala com suas colegas e, recobrando a euforia, desci para a fila de retirada de ingressos.
O filme de Xiaolu Guo passava naquele mesmo dia um pouco mais tarde, seguido de outro que eu queria muito assistir e já estava marcado desde o Rio. Exausta, consegui finalmente encontrar minha amiga e segui para o hotel. Meia-hora depois, eu já estava pronta e rumei para a minha primeira sessão: DEBAIXO DO GELO A ÁGUA É QUENTE (HOW IS YOUR FISH TODAY?).
Recusei o convite para a cervejinha com amigos, segurei meu jet lag, meu sono, meu cansaço. Valeu a pena! Muito! No filme, três realidades diferentes interagem, levando a um final absolutamente inusitado. As fronteiras entre documentário e ficção são ultrapassadas. O roteiro escrito por Xiaolu Guo e Hui Rao (ambos atuam no filme) é formidável, para além do criativo. É com muito prazer que recomendo que vocês assistam e partilhem dessa adorável experiência.
DEBAIXO DO GELO A ÁGUA É QUENTE (HOW IS YOUR FISH TODAY?)
De Guo Xiaolu
(China, 2006)
EXPECTATIVA
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 1 - 12h15 (EC140)
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 2 - 17h00 (EC240)
Dom, 30/09 - Cine Glória (Memorial GV) - 15h30
Dom, 30/09 - Cine Glória (Memorial GV) - 21h00
POR TATIANA LEITE
Postado por Hugo Naidin às 09:00 0 comentários
UMA NOITE EM BARCELONA
Diretor do premiadíssimo NA CAMA, o chileno Matias Bize vem ao Festival apresentar o seu novo trabalho, O BOM DE CHORAR, cujo argumento – assim como o do filme anterior – é aparentemente simples: ao longo de uma noite, um casal termina uma longa relação pelas ruas de Barcelona.
Bize é uma das grandes promessas da ficção latino-americana. Com apenas 23 anos, ainda na Escola de Cinema do Chile, dirigiu seu primeiro filme, SÁBADO, com o qual conquistou quatro prêmios no Mannheim-Heidelberg Film Festival (Alemanha) e a oportunidade de percorrer diversos festivais internacionais. Bize apresenta a sessão de hoje, no Espaço de Cinema.
O BOM DE CHORAR (LO BUENO DE LLORAR)
De Matías Bize
(Espanha, 2006)
PREMIERE LATINA
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 2 -12h30 (EC238)
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 2 - 19h15 (EC241) ! COM A PRESENÇA DO DIRETOR !
Sáb, 29/09 - Cine Santa - 21h30
Dom, 30/09 - Estação Ipanema 1 - 17h45 (IP148)
Dom, 30/09 - Estação Ipanema 1 - 22h15 (IP150)
Postado por Hugo Naidin às 08:48 0 comentários
PAIXÃO POR HAITI
Primeiro país do novo mundo a se libertar do jugo da escravidão, ainda no século dezoito, sob o comando do líder revolucionário Toussaint l’Ouverture, o Haiti suscita uma paixão eterna nos seus filhos espalhados pelo mundo.
No início de HAITI QUERIDO, vemos um casal ainda adolescente sendo impedido pelo feitor da plantação de cana a sair do trabalho para enterrar o seu bebê. A escravidão continua, embora com outro nome. Mas não estamos em Haiti, e sim na vizinha República Dominicana, onde existe uma imensa colônia de trabalhadores haitianos, os mais pobres dos pobres, que, além do trabalho semi-escravo, ainda sofrem discriminação por serem estrangeiros.
Quando um jovem feitor tenta estuprar a belíssima Madeleine, que está tomando banho num açude, o marido Jean-Baptiste vem à sua ajuda dando um golpe fatal no homem. Eles são obrigados a fugir para não serem mortos. Clandestinos, sem documentos, Madeleine só tem um sonho: voltar ao Haiti.
O filme tem um naturalismo que parece documentário, os atores quase todos jovens, com a sensualidade à flor da pele. Vale a pena conferir.
HAITI QUERIDO (HAÏTI CHÉRIE)
De Claudio Del Punta
(Itália, 2007)
EXPECTATIVA
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 3 - 12h00 (EC343)
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 3 - 20h00 (EC347)
Sex, 28/09 - Est Barra Point 1 - 14h15 (BP129)
Sex, 28/09 - Est Barra Point 1 - 18h45 (BP131)
POR VIK BIRKBECK
Postado por Hugo Naidin às 07:23 0 comentários
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
O QUE É QUE A CORÉIA TEM?
Descobri o cinema coreano graças ao grande Im Kwon taek ainda na década de noventa. Mas foi em 2000 – meu primeiro ano de trabalho na Coordenação Internacional do Festival do Rio –, quando convidamos o impressionante filme The Isle, do Kim Ki-Duk, que passei realmente a pesquisar e batalhar por filmes vindos da Coréia do Sul. De lá para cá, uma sucessão dos novos diretores foram surgindo e os filmes sul-coreanos ganharam espaço em todos os grandes festivais do mundo e surpreendentemente nas próprias bilheterias, nacionais e internacionais.
Hoje, a Coréia do Sul é sem dúvida um dos maiores expoentes do cinema contemporâneo e a fonte parece estar sempre se renovando. Se Kim Ki-duk recentemente andou decepcionando (observo que somente aos cinéfilos, porque seus filmes ainda garantem algumas das mais altas bilheterias do cinema asiático fora do continente), diretores como Park Chan-Wook, da célebre trilogia da vingança (Sympathy for Mr. Vengeance, Oldboy e Lady Vengeance) e Hong Sang Soo (ver meu post anterior) revelaram um país de criatividade e ousadia incessantes. São misturas de gêneros, criações de novas linguagens através de uma fina ironia, da recente abertura sexual, da não-hesitação nas imagens. Há uma sede por cinema e por conhecimento de cinema.
Outros filmes foram realizados por cineastas mais novos, como O antigo jardim, de Im Sang so, que dirigiu há poucos anos a pequena obra-prima Une femme Coréene, exibido no Festival do Rio de 2005, além de Lee Jae-yong (As garotas safadas de Dasepo - foto à esquerda), diretor de Untold Scandals, interessante adaptação do romance “Ligações perigosas”.
As surpresas, no entanto, ficam por conta dos debutantes Kim Tai-sik, que realizou Na estrada com o amante da minha mulher (abaixo), um filme que toca em questões fundamentais como a solidão e a busca pelo amor, e Lee Hae-young e Lee Hae-jun, que dirigiram juntos o grande sucesso Like a Virgin, cuja temática bastante delicada é tratada com humor e muita criatividade.
Observo que sete destes filmes não estão comprados para o Brasil, portanto quem quiser conhecer melhor o que a Coréia tem, não pode deixar de assisti-los no Festival.
POR TATIANA LEITE
Postado por Hugo Naidin às 14:03 1 comentários
SAINDO DO FORNO
Acaba de confirmar presença na sessão de hoje do filme argentino XXY no Cine Palácio o ator Ricardo Darín!
Darín está no Rio para apresentar seu primeiro filme como diretor - LA SEÑAL. Em XXY, Darín faz o papel do pai de Alex, uma adolescente hermafrodita que busca os caminhos de afirmação de sua sexualidade.
ANA LUIZA BERABA
Postado por Hugo Naidin às 13:50 1 comentários
O PAPA AINDA É POP
Este filme foi ovacionado na mostra Um Certo Olhar da última edição do Festival de Cannes e conquistou nada menos que seis Kikitos de Filme Estrangeiro em Gramado – incluindo Melhor Atriz, para Virginia Mendéz, Melhor Ator, para César Trancoso, e Melhor Roteiro, que também é assinado pela dupla de diretores. O sucesso é ainda mais notável considerando que O BANHEIRO DO PAPA é o primeiro longa-metragem dos uruguaios Enrique Fernández e César Charlone – este último, diretor de fotografia de Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2001) e da série televisiva Cidade dos Homens.
De Enrique Fernández e César Charlone
(Uruguai, 2007)
PREMIERE LATINA
Qua, 26/09 - Espaço de Cinema 1 - 16h45 (EC135)
Qua, 26/09 - Espaço de Cinema 1 - 21h15 (EC137)
Sex, 28/09 - Estação L. Alvim 1 - 14h00 (LA036)
Sex, 28/09 - Estação L. Alvim 1 - 22h00 (LA040)
Dom, 30/09 - Cine Santa - 21h30
Postado por Hugo Naidin às 10:57 0 comentários
UM CHE PARA CHAMAR DE SEU
Muitos filmes já tentaram desvendar a verdade por trás do mito de Che Guevara. Este documentário, ao contrário, pretende explorar o mito por trás da verdade. No momento em que se lembram os 40 anos de morte do revolucionário argentino, PERSONAL CHE mostra como ele permanece vivo, e de certo modo atuante. Para realizar as entrevistas, a dupla de diretores – o brasileiro Douglas Duarte e a colombiana Adriana Mariño, que se conheceram num fórum de documentaristas na internet – visitou nada menos que doze países nos quatro cantos do mundo.
O filme traz inúmeros personagens para os quais a História parece ter pouca importância diante do desejo de ver o ídolo sob uma lente pessoal. É o caso de um deputado em Hong Kong que usa Che para lutar contra os comunistas chineses; um camponês boliviano que reza para San Che o ajudar a conseguir trabalho na Espanha; um nazista na Alemanha que o idolatra; uma ópera- rock no Líbano sobre sua vida; um cubano exilado que o considera um terrorista; entre outros. “É o tema menos original que existe; não escolhemos o tema, mas a abordagem. Decidimos fugir das coisas que um documentário tradicional teria; não temos imagens de arquivo dele vivo nem narração. Mais importante: no filme não há ninguém que tenha conhecido o Che. Deixamos os fatos pra lá e fomos atrás de invenções sobre ele” – explica o diretor.
Douglas Duarte e Adriana Mariño vêm ao Festival para a estréia do filme nesta quarta-feira, que será seguida pelo debate
ENTRE A UTOPIA E A REALIDADE: AS VEIAS FUTURAS DA AMÉRICA LATINA.
Além da dupla de diretores, o evento contará com a presença de Carlos Alberto Mattos, crítico de cinema do jornal O Globo.
PERSONAL CHE
De Douglas Duarte e Adriana Marino
(Colômbia, 2007)
DOC LATINO
Qua, 26/09 - C.C. Justiça Federal - 18h30 ! SEGUIDO DE DEBATE COM OS DIRETORES !
Qui, 27/09 - Cine Glória (Memorial GV) - 17h15
Sex, 28/09 - Espaço de Cinema 2 - 14h00 (EC245)
Sex, 28/09 - Espaço de Cinema 2 - 21h00 (EC248)
Postado por Hugo Naidin às 09:07 0 comentários
EM GUERRA POR UMA FAMÍLIA
TERRA SONÂMBULA terá Sessão de Gala amanhã com a presença da diretora portuguesa Teresa Prata. O filme é baseado no romance homônimo do escritor moçambicano Mia Couto. É o primeiro longa-metragem de Teresa, que leu o livro quando ainda era estudante de cinema em Berlim (depois de ter passado a infância na África e a adolescência no Brasil). A obra narra a trajetória de Muidinga, um sonhador menino moçambicano que procura a família num cenário de guerra civil. “É uma história de soldados sem soldados; é sobre os efeitos do conflito nas pessoas normais, que não têm dinheiro para abandonar o país. São pessoas que carregam seus sonhos nas costas, sofrendo a guerra na voz, no corpo” – diz a diretora.
Quando encontra um diário de uma mulher que vive num navio ancorado e procura pelo filho, Muidinga se convence de que ele é a criança perdida, e sai em busca da mãe. Na viagem é acompanhado por um velho que o quer como filho, mas não consegue demonstrar seu afeto. Quase todos os atores são moçambicanos e não profissionais, inclusive o protagonista, um menino de apenas 12 anos que respondeu aos anúncios colocados em jornais e revistas do país. “O filme respeita o espírito do livro. A diretora soube escolher o essencial, que é o realismo mágico e a intimidade em relação aos personagens. É um filme sério e limpo” – disse Mia Couto, que vem a ser o escritor moçambicano mais lido fora do país, com várias de suas obras já adaptadas para o cinema.
TERRA SONÂMBULA
De Teresa Prata
(Portugal, 2006)
EXPECTATIVA
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 2 – 14h45 (EC239)
Qui, 27/09 - Espaço de Cinema 2 – 21h30 (EC242)
Postado por Hugo Naidin às 08:33 0 comentários