sábado, 29 de setembro de 2007

SALVE STANLEY NELSON!

Stanley Nelson insiste em apresentar todas as sessões de sua retrospectiva e não perde uma oportunidade de responder às perguntas do público. E, ao acender as luzes no final da sessão, todos querem saber mais sobre esse desbravador do lado desconhecido da América, que se tornou documentarista para contar as histórias das pessoas até então invisíveis para a grande mídia. Diz uma lenda africana que, enquanto o leão não tiver griot, só ouviremos a história do caçador.

Hoje ainda temos a sessão de:

UM LUGAR SÓ NOSSO (A Place of Our Own)
Sáb, 29/09 - Caixa Cultural 2 - 19h15

Retrato de um balneário da Nova Inglaterra que guarda significado especial não apenas para o diretor, mas para muitos negros que também pertenceram à alta classe-média americana nas décadas de 50 e 60. A região era o principal destino de férias para essa população, que no resto do ano vivia rodeada por famílias brancas nos bairros das grandes capitais. Stanley e seus amigos de infância estudaram em escolas particulares, muitas vezes sem contato com a cultura negra – enquanto na cidade de Oak Bluffs, eles podiam se socializar e acabavam conhecendo as futuras esposas. Num momento em que a demanda por justiça racial estava prestes a explodir nacionalmente, Oak Bluffs oferecia um alívio crucial. “Era um lugar onde, ao menos durante o verão, o mundo não nos definia apenas pela cor da pele” – lembra o diretor. Filmado no verão seguinte ao falecimento da mãe de Stanley, UM LUGAR SÓ NOSSO mostra a trajetória de sua família naquela comunidade ao longo de três décadas. “Enquanto os jovens chegavam dizendo-se pertencentes àquele lugar, os mais velhos se queixavam das mudanças nos costumes” – conta o diretor. Com o talento de Stanley Nelson voltado para as tensões de sua própria vida, UM LUGAR SÓ NOSSO se transforma num ensaio sobre a luta dos afro-americanos por um ambiente onde eles se sintam em casa.

MARCUS GARVEY: NO OLHO DO FURACÃO (Marcus Garvey: Look For Me In the Whirlwind)
Sáb, 29/09 - CCJF - 20h30

Visionário e manipulador, brilhante e enigmático, orador poderoso e autoritário. Entre os muitos aspectos da vida controversa de Marcus Garvey, um fato é certo: entre os anos de 1916 e 1922, ele comandou o maior movimento negro de massa do mundo, chamado Associação pelo Desenvolvimento Negro Universal. Nascido na Jamaica, Garvey emigrou para Nova York em 1914, levando consigo uma mensagem de poder popular. Após rodar os EUA, sua organização lançou o jornal “A palavra negra”, que conquistou leitores em todo o mundo. O jornal denunciava o preconceito contra negros e pedia doações para um projeto de retorno à África, com o ideal de construção de uma nação independente. Garvey conseguiu reunir milhares de homens e mulheres norte-americanos com um sentimento até então inédito de orgulho racial, apontando os antigos líderes negros como fracos ou subservientes. Por outro lado, ele também foi acusado de má administração fiscal e mostrou-se disposto a colaborar com a Ku Klux Klan – fatos que nos levam a entender o ostracismo do final de sua vida.

É a última chance de ouvir o diretor, que vai embora no domingo!

POR VIK BIRKBECK

Nenhum comentário: